quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Objeto de Amar
Adélia Prado

De tal ordem é e tão precioso
o que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem que me oprima a sensação de um roubo:
cu é lindo!

Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Caos by Vivienne Westwood

Super inverno 2008/2009 de Vivienne Westwood na Semana de Moda de Paris. Tema Caos e funk carioca fervendo na trilha!





domingo, 24 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008



quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa


Alice Ruiz

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


FOME DE AMOR

Fernando Sabino

Quando um dos presos perguntava: “Mas afinal o que é que há com ele?”, logo surgia num sussurro a palavra terrível como uma condenação: “Mulher”. Alguém explicava que a namorada o abandonara, casando-se com outro. As circunstâncias em que se dera mais esse drama de amor, entretanto, e o local onde se realizaram os esponsais (na delegacia do 2º Distrito) não lhe inspiraram outra reação mais digna que tentar matar o rival à porta de um cinema – pelo que fora preso, depois de armar escândalo e levar uma boa surra.

– Tomaram a mulher dele e ainda bateram nele – informavam discretamente.

Com o tempo, começou a desaguar as mágoas no fluxo amargo das confidências. Fazia queixas patéticas: tratava-se de uma ingrata, malvada, perversa, sem coração.

– Em suma: uma grandessíssima vaca.

Depois sua revolta foi-se abrandando, com a lembrança de outros tempo mais felizes. Tornava-se meigo e lírico. Contou como se amavam e, num processo retrospectivo de recordações, ia-se afastando da traição sofrida, enquanto recompunha seus frustrados sonhos. Neles, a namorada se submetia a uma gradativa evolução de metáforas pela qual, de vaca que era antes, chegou a ser lírio, depois de ter sido sucessivamente estátua, crepúsculo, árvore e passarinho.

Para a indiferença mal disfarçada dos companheiros de prisão, narrava agora como fora o primeiro encontro:

– Foi de tarde. Uma tarde muito clara, o mar muito verde. Ela vinha vindo ao longo da praia, com um vestido leve, todo branco, os braços nus... Tinha os cabelos escorridos como de quem acabou de sair do banho. Sua pele era um pouco queimada de sol, mas não chegava a ser bronzeada, era assim de uma cor meio dourada, assim como a de um franguinho assado...

– Desses bem novinhos? – perguntou um dos ouvintes, já vivamente interessado.

– É isso mesmo – continuou ele, se entusiasmando: - Bem novinho, de espeto, e ainda com um resto de gordura. A pele bem esticada, muito fina, quase estalando.

– E o peito – acrescentou outro: - Bem cheio, recheado, com aquela carne muito branca.

– Perto da coxa, aquela parte mais torradinha...

Começaram a destrinchar o frango, famélicos, disputando cada um seu pedaço:

– A coxa. Eu gosto mais da coxa.

–A coxa é minha.

– E a asa – sugeriu um deles, olhar brilhante: - Vocês estão esquecendo a asa, pessoal: a gente puxa e ela desgarra, arrancando uns fiapos... É a melhor parte.

– É verdade, esquecemos a asa – continuava o rapaz, já esquecido de sua amada e apaixonado pelo frango: - A asa e o pescoço. O pescoço é uma parte que eu prefiro. Depois de arrancar a carne com os dentes a gente vai chupando os ossinhos um por um.

– Recheado com farofa, você disse.

– Com farofa e azeitona – arrematou outro, já de olho mole – De vez em quando a gente encontra uma azeitona sem caroço.

– Um frango assado dá trabalho para comer, mas como é bom! – concordaram todos já saciados.

O autor da feliz imagem, porém, quis ainda comer mais um pouco:

– Sempre sobra um pedaço de pele, bem torrada, daquela pelezinha de galeto muito tenra, meio arrepiada, que até parece pele de moça depois do banho.

De repente caiu em si, mas era tarde: a imaginação esfaimada já remexia no interior da namorada, fisgando aqui e ali os seus despojos, para descobrir finalmente a parte melhor:

– O coração! – exclamou. – Esquecemos o coração.

E numa boa dentada comeu para terminar o coraçãozinho do frango, que vinha a ser o da moça assim desamada, bem amargo este, e duro, com a dureza das ingratidões.

(In: A Companheira de viagem)



domingo, 10 de fevereiro de 2008

O Mundo Maravilhoso de Adão Iturrusgarai

What's a wonderful world!!!






Muito mais em: http://adao.blog.uol.com.br/

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

LOVE by Cirque du Soleil


Something

The Beatles

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how


terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Carnaval ao som de Pet Shop Boys


'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend
(Being Boring)
(Música, de Henri Matisse)

Foi a uma freada súbita do táxi, acompanhada de palavrões do chofer, que lhe deu o choque necessário e de súbito lembrara-se do nome do hotel. Disse-o ao chofer e imediatamente caiu num choro abafado de alívio e sofrimento.

Ulisses ouvira de testa franzida. E depois dissera:

— E então você não quis mais nada disso. E parou com a possibilidade de dor, o que nunca se faz impunemente. Apenas parou e nada encontrou além disso. Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce. E eu não choro, se for preciso um dia eu grito, Lóri. Estou em plena luta e muito mais perto do que se chama de pobre vitória humana do que você, mas é vitória. Eu já poderia ter você com o meu corpo e minha alma. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia. Mas eu escapei disso, Lóri, escapei com a ferocidade com que se escapa da peste, Lóri, e esperarei até você também estar mais pronta.

Lóri sempre se espantava de como Ulisses a conhecia. Mas apesar de ele poder compreender, receava sua censura ou de que ele desanimasse e a abandonasse, e nunca lhe dissera que o "mal" muitas vezes voltava: o ar dentro dela tinha então cheiro de poeira molhada. Vai recomeçar, meu Deus? Perguntava-se então. E reunia toda a sua força para parar a dor. Que dor era? A de existir? A de pertencer a alguma coisa desconhecida? A de ter nascido?

E depois, estancada a dor como se não tivesse sequer havido, exausta, após ter nadado quilômetros no universo vazio, ficara ofegante, jogava-se nas areias brilhantes de um planeta, imóvel, de bruços.

(Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarice Lispector)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Tenho ouvido muita música (boa, é claro!). Então, aí vai mais uma...

Natasha

Rufus Wainwright

You walk alone in the valley of life
In the shadow of love under the trees of happiness

You walk alone like a baby unborn
Like a father unknown
Like a pocket penniless

I'm happy that you really care
But do you really know
How scary
This is for you and is for me?
Oh do you you really know?

Do you really know? oh..
Natasha
All I can do
Is write a song for you
Natasha
Oh Natasha


For you I sit alone on the cozy ground floor
On a bench by the garden
Waiting also
Waiting for love and thinking of all of the
Catty remarks I also swallow

And as I've often asked before
Does anybody know
How scary
This is for you and is for me?
Does anybody know?
Anybody know? oh...

Natasha
All I can do
Is write a song for you
Natasha
Oh Natasha
All I can do
Is write a song for you
Natasha

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

AMY! AMY! AMY! I AM MY!

Porque a gente é o que é! Ou não.


Que a moça é escandalosa e cheia de estilo o mundo todo já sabia, mas agora decidi ouvi-la. E ela é muito boa, uma voz e músicas ótimas. Suingue sangue bom! Uma diva às avessas. Ou não.



Tears Dry On Their Own

Amy Winehouse

All I can ever be to you,
is a darkness that we knew
And this regret I got accustomed to
Once it was so right
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night
I knew I hadn´t met my match
But every moment we could snatch
I don’t know why I got so attached
It's my responsibility,
and You don't owe nothing to me
But to walk away I have no capacity

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.

I don't understand
Why do I stress a man,
When there's so many better things at hand
We could have never had it all
We had to hit a wall
So this is inevitable withdrawl
even if I stopped wating you,
A perspective pushes through
I'll be some next man’s other woman soon

Ah can I play myself again?
Or should I just be my own best friend?
Not fuck myself in the head with stupid men

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.

So we are history,
Your shadow covers me
The skies above a blaze

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.

I wish I could say no regrets
And no emotional debts
'Cause as we kissed goodbye the sun sets
So we are history
The shadow covers me
The sky above a blaze
that only lovers see

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your grey
My blue shade
My tears dry on their own.(whoa)

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your grey
My deep shade
My tears dry on their own

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your grey
My deep shade
My tears dry